sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Ô Tricolor, eu amo você!

Um vento frio cortava uma cidade numa noite nublada de inverno. Quinta-feira. Um gigante era visto de longe, iluminado, imponente, magestoso. O estádio oval era digno de filmes épicos. Talvez pela história nele escrita ou talvez pela história que seria escrita em seguida. As cores vermelha, preta e branca misturavam-se uniformemente pelas ruas e dirigiam-se para o gigantesco estádio. Eu era uma dessas cores juntas, pois vestia o manto sagrado tricolor. A empolgação e o nervosismo tomavam conta de todos ali e comigo não era diferente. Meu corpo tremia de frio, nervosismo e espectativa. Caminhava lentamente em direção as entradas e depois para as arquibancadas. Decisões tem de ser acompanhadas, sim esse é o termo, das arquibancadas. Praticamente todo o lugar já estava tomado pelas cores do tricolor paulista, sinalizadores anunciavam que o evento histórico começaria a qualquer instante e iluminavam o caminho do time mais vencedor da história brasileira.
A euforia geral era incrível, a esperança era palpável de tão grande. Era densa. Os canticos em coro chegavam aos meus ouvidos e me faziam cantar junto. " Eô Eô, Tricolor, Tricolor! " ecoava pelo monumental lugar, empurando os jogadores que agora já estavam em campo, representando a alegria de 9% dos torcedores brasileiros e de 58 mil espectadores aquela noite. Aquela noite seria inesquecível. Infelizmente, não de forma positiva.
Depois de passados cerca de 30 minutos, ouvia-se a frase cantada " Como eu te amo, tricolor, como eu te amo demais..." mas tudo parou. Vibração total no estádio. Gol! A história estava sendo escrita em três cores.
Mas, após a calmaria do intervalo a cor preta sumiu da história. O adversário empatava e mudava a história. Antes de o mundo cair houve uma explosão. De alegria e esperança renovada. Gol! A chance estava em nossas mãos, faltava só mais um, só mais um...
E o mais um não veio. A história foi escrita sem tinta preta, só com vermelha e branca. Então, as três cores tornaram-se cinza, como o cimento da arquibancada fria onde estávamos. A vitória mais derrotada da minha vida. E um dos melhores espetáculos que presenciei. E mesmo derrotado, triste, ouvia-se e eu cantava com orgulho: " Ô tricolor, eu amo você! "
A tristeza um dia se vai. O Orgulho por ti, tricolor, esse, não morre nunca!

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