quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Prefiro você com a luz acessa

Eu prefiro o sussurro ao pé do ouvido, um bom dia ao acordar. Prefiro você de pijama. Não que eu não goste quando você coloca um vestido e usa maquiagem. Também prefiro você assim. Prefiro deitar no sofá e ver um filme qualquer, contigo deitada no meu colo, comendo besteiras. Prefiro você sorrindo o sorriso que só você sabe dar. Prefiro você sendo sincera. Prefiro você com a luz acesa, assim, sem vergonha. Por que estou contigo, o que significa que quero estar contigo. Prefiro você a vontade. 
Prefiro você de qualquer jeito. Rindo, chorando, sussurrando, gritando, pedindo, mandando, conversando ou em silêncio, nua ou vestida.
Prefiro você de qualquer jeito. Desde que seja você.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A última manhã

Bip. Bip.
Numa cama de hospital, um homem abria os olhos lentamente. Seu corpo doía. Seus olhos estavam cansados, rodeados de rugas que se acentuavam com o tempo. Os cabelos já rareavam bastante e eram esbranquiçados. Uma expressão cansada e sofrida havia se apossado daquele rosto outrora tão sorridente e bem humorado.

Bip. Bip.
Um aparelho, a meio metro acima de sua cabeça, mostrava números. Números que não se repetiam. 128. E mudaram. 109. 96. 117. Um gráfico os acompanhava, numa montanha russa. Sempre seguido de um Bip.
Agulhas furavam seu braço, seguidas de tubos pelos quais medicamentos eram injetados. Sentia-se agoniado. Queria levantar, voltar a ver o Sol. Queria poder abraçar sua mulher, de novo. E seus filhos. E os netos. Queria voltar a correr. Principalmente atrás daquela bola, de couro, pesada, que rolava estranhamente pelos campos verdes do interior de São Paulo. Queria voltar a marcar um gol. Ah, como era incrível aquela sensação.

Porém, agora, só conseguia ver as pessoas que amava. Mal conseguia falar sem ficar fraco, sem ar. E o futebol? Naquela sala de cheiro ruim e azedo, só conseguia pensar sobre aquele clube rubronegro. Jogar? Só nas lembranças de 40, 50 anos atrás.
Noite passada recebera visitas, como de costume. Ninguém havia se demorado muito. Talvez por medo de sofrerem ainda mais, pensava o homem. "É melhor assim. Não quero que sintam pena."
Ouviu muitos "Eu te amo". Pensou que deveria ter demonstrado mais, enquanto tinha condições. E quando sua mulher e seus filhos foram embora, deixou que uma lágrima rolasse. Não queria que eles o vissem ainda mais vulnerável.
Mas naquela manhã, acordara mais forte. Não fisicamente. Seus braços e pernas doíam. Respirava pesadamente. O coração já batia fraco. Entretanto, sentia que estava "bem". 
"Acho que é a hora" pensou ele.
Bip. Bip.
Uma enfermeira passou no corredor fazendo barulho ao caminhar apressadamente.
Bip...Bip...Bip...
"Afinal, a droga do meu medo acabou por se concretizar. Vim para o Hospital, a contragosto. E cá estou eu. Indo embora dele"
Riu um riso fraco. 
Bip... Bip...
Sorriu.
"Tudo bem, já tô indo"
E o gráfico que subia e descia, foi parando. E o número que trocava, foi caindo. No aparelho, foi visto uma linha. 
Os olhos se renderam ao cansaço.
Biiiiiiiiiiiip.

Vários telefones tocaram naquela manhã. Muitas lágrimas foram derramadas. Muitas bem perto.
Mas há 2 mil quilômetros de distância, um celular tocou, um rapaz acordou e atendeu.
"Alô?" uma voz embriagada de sono soou para o outro lado.

"Oi filho. Tenho uma notícia pra te dar"
E o coração dele já sabia. 
Então juntou-se ao mar de lágrimas. E chorou.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Trago nas costas...

Trago na mochila alguns bons livros de experiência vivida, outros tantos de bobagens feitas e um bem pequeno de momentos marcantes. E apesar de todo o peso que tem, fazendo as costas se curvarem, alguma coisa falta. Algum livro que perdi no caminho, talvez. Aquele que, em falta, dói mais do que a dor nas costas que ajudava a causar.

sábado, 16 de junho de 2012

Hiato

Noites mal dormidas. Ouço e digo palavras vazias, sem emoção. Dou risada de qualquer bobagem, mesmo sem estar feliz. Os sorrisos são falsos. Muitos dos "amigos" também. Tudo falta. Alguma coisa falta. 
E o que sobra?
O álcool e as mentiras.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Enganamos a nós mesmos

Vestimos armadura. Fingimos sorrisos, engolimos o choro. Enganamos a si mesmos de tal forma que chegamos a acreditar.
Falamos o que não queremos e não falamos o que temos mais vontade. 
E pra quê? 
Pra viver uma vida vazia até que se reaprenda a preenchê-la. 

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Não é preciso morrer pra ver Deus


O dia estava quente. Não havia Sol nenhum no céu. Mas o dia estava quente. Um dia atípico de inverno. Sem chuva e quente.
Numa casa daquele bairro humilde, alguém despertava. Demorou a abrir os olhos como quem duvide que eles possam reabrir. Levantou com a mesma dificuldade. Calçou os chinelos desgastados e cheio de marcas, assim como seu rosto. Colocou água para esquentar.
Era um dia atípico de inverno e um dia atípico para aquele velho homem. Tomou seu café da manhã preparado com sacrifício de quem faz um esforço maior do que deveria. Ainda sentia sono. Tossiu diversas vezes enquanto tomava banho, trêmulo, lentamente. Vestiu seu antigo terno preferido, da época em que ainda era convidado para eventos importantes. Hoje já não era mais o mesmo aviador de antigamente. Aposentara-se. Foi o primeiro amor que foi obrigado a se afastar.
O barulho das chaves balançando o incomodava. Abriu o mais rápido que pode a porta de casa e saiu cambaleando vagarosamente pela rua que amanhecera a pouco. As pálpebras pesavam, talvez de cansaço, talvez de sono. Duas, três, quatro. Cinco quadras. Chegou ao lugar onde sempre fora, de uns anos pra cá. Estava vazio. Estranho como, ano após ano, estava mais vazio. Não somente o lugar, mas ele próprio.
Se arrastando pelo local, leu inúmeras frases que já lera antes, todas falavam sobre o mesmo tema. Aquele que ninguém gostava de falar. Aquele que há muito o perturbava, mas que agora, já era quase uma boa amiga. O vinha chamando, cada vez mais alto.
A frase que ele mais conhecia, estava escrita no mármore frio e sem vida. Os olhos piscavam. Ficou ali parado por alguns instantes. “Aceita a morte como tua amiga e ela te tomará pela mão quando quiserdes ver Deus”. Como todos os anos, chorou. Mas dessa vez não um choro de tristeza. Era um choro de compreensão.
Ali estava o segundo amor que fora obrigado a se afastar. A morte o tinha separado dela. Mas, agora, ela estava oferecendo a mão. Quem sabe, para reencontrar um de seus amores. Quem sabe, os dois. E todo o sofrimento de anos e mais anos cessariam. Deitou-se com muita dificuldade ali, ao lado daquela lápide. Sentiu todo o cansaço fluir de seu corpo. Fechou os olhos. Enfim, adormeceu.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Futuro Melhor

E se o desânimo bater, se o cansaço chegar e as forças estiverem no fim, lembra-te de cada fim de semana de chuva, de cada noite passada juntos, de cada despertar com sorriso no rosto ao ver o outro ainda dormir, de cada risada junto, de cada cons(e)ol(h)o dado, de cada beijo doce ou apaixonado. E pensa que o futuro, meu amor, pode ser muito melhor.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

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Toda vez que a chuva bate forte na janela, me imagino deitado contigo, vendo aqueles filmes que tu tanto gosta, comendo aqueles doces que também nos servem de apelido, bem agarrados. E toda a saudade me toma, assim como o desejo de te ver de novo e tornar essas imagens mentais em experiências (novamente) reais.